Eu me perdi na minha rua, vagando em um horário ermo, com a mente baldia, com o mato crescendo nos meus ouvidos, brotando flores regadas pela sua voz. Eu vim daninha rezando a Santa Ana por uma dádiva tardia e ela veio multifacetada, ora em duas rodas que eu movimento, ora em quatro patas, miando por si só, ora cega, muda e invisível, ora submersa nos fantasmas da mente. Eu vim assombrando o frio da noite e penetrando as frestas, mas amornando minhas moléculas no calor da prosa, no langor do bolero, tornando-me macia no carinho das dobras, nas curvas do caminho, na leveza do caminhar que amanhecia; e me tornei esperançosa mesmo quando me percebi no silêncio das palavras, na escuridão do dia, na insipidez da língua, na asfixia da alfazema, na insensibilidade do arrepio, quando nada sequer parece, ou tudo parece nada.
2 comentários:
Uau, nêga. Isso é que é, viste.
Quando leio essas cousas, quase me arrependo de não ter feito amôzinho gotoso. Quase.
Eu não tenho certeza de ter compreendido, mas eu adorei as imagens, o jeito que você escreveu. Fazia tempo que eu não vinha aqui. Deu saudades de te ler. beijos, M.
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