terça-feira, outubro 07, 2008

Metafórica


"O Espelho", René Magritte

Caíram-me os butiás do bolso (fiquei atônita, estarrecida, no bom gauchês campeiro) na análise, ontem. Aliás, derrubar butiás é o maior mérito da terapia psicanalítica: ninguém é o mesmo depois de gerado tamanho sofrimento naquelas sessões e, de quebra, nos momentos subseqüentes (tipo esperando o ônibus, ou no meio do supermercado), as fichinhas vão caindo, como nos dessem mais créditos para continuar jogando no fliperama da vida. E, com sonhos ou sem sonhos, nossos dias e os gestos repetidos neles à exaustão são como pinturas - e seus diversos símbolos - muito mais fiéis à nossa imagem do que aquele reflexo enganador que vemos no espelho.

Um comentário:

Joelma Terto disse...

Estou sentindo, ó Levíssima, o poder do caimento dos butiás do bolso, dessa coisa chamada psicoterapia. Especialmente em dias assim, em que relutamos pra ir ser psicoanalisados. Em que não há pauta, como falamos, sabes? Pois...