* E, de novo, sai-me a carta do louco, avisando que é hora se de entregar ao novo (e eu adoro o verbo francês se délivrer, que quer dizer a mesma coisa, só que tem toda essa coisa lânguida de se livrar, libertar - je me délivre), sem dó nem piedade nem pudorzinho bobo da vida.
* Aliás, outra das palavras francesas amadas, beijadas e abraçadas é bouleversant - perturbador, mas que eu acho absolutamente visceral... porque, tipo, verser des boules? Uma coisa de vomitar, derramar, derreter, virar do avesso. É muita perturbação para um só léxico, minha gente. E estou louca como na carta do louco.
* E, diminutivamente, porque isso é sinal de medo, vivi um sábado e domingo povoado de bicicletinhas, cantoriazinhas, deliriozinhos, além de trabalhar intensamente, como se fora possível fazer tudo isso ao mesmo tempo - e foi.
* Explicando à colega de trabalho que ando na já conhecida sensação de iminência e coceira interna, ela me conta sobre a diferença entre êxtase e ênstase: que um é pra fora e o outro, para dentro, ao que lhe respondi:
- Ora, mas esse eu não conhecia!- Não conhecia, mas já sentia!
Sábias palavras.
2 comentários:
UÔOU, isso aqui está cada vez melhor.
Sábias palavras, indeed! Para a encarnação do sexo, com olhos peludinhos que sorriem sozinhos.
:)
Acho que Albert Camus também jogava tarot:
"Nous vivons avec des idées qui, si nous les éprouvions vraiment, devraient bouleverser toute notre vie."
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