domingo, outubro 15, 2006

Dália Boba



Reza a lenda da história televisiva no Brasil que, no primórdio das novelas de TV, quando eram exibidas ao vivo, certo ator não tinha conseguido decorar a fala de amor que tinha de dizer no capítulo da noite. Assim, o contra regra escreveu a fala dele em um papelzinho e a colocou no vaso de dálias que enfeitava a mesa do cenário. No meio da cena, quando o ator esqueceu a fala, a atriz sugeria "a dália, a dália", e só assim ele conseguiu completar a cena com a fala correta.

É assim mesmo que me soou "Dália Negra", o demasiadamente comentado filme novo do Brian De Palma. De um fato e de um livro que tinham tudo para gerar um filme com desdobramentos bem explorados e uma estética charmosíssima como sói aos filme noir, saiu um filme absolutamente caricato, sendo que a única caricatura aceitável - porque proposital - eram os testes de cinema da pobrezita Betty Short (que manteve quase o mesmo tom brunette naïve de The L Word, na personagem que a sapataria odeia pela ambigüidade).

No mais, tudo muito moroso, chato e falso: a juventude inadequada, tanto na aparência quanto na interpretação de Josh Harnett e Scarlet Johannsson, no cenário colorido demais - e será que o bar de sapas do filme, se fosse de verdade, teria aquelas manifestações forçadas de sensualidade? - , no tom forçoso do drama dos personagens e no desfecho quase fácil de se adivinhar. Taí um filme que deveria ser dirigido pelo David Linch para mostrar mistério, horror e ousadia estética sem descambar para o patético.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, eu ia hoje, mas você já é a quarta pessoa que me diz que não é bom. Vou esperar pelo DVD. Beijinhos.

Anônimo disse...

Nos veremos em Portinho, né? Até sexta. Beijos
Nina Lopes