sexta-feira, dezembro 02, 2005

No face, no history


Antes e depois - animação de computador da Reuters

Foi feita finalmente a primeira cirurgia conhecida de transplante de rosto essa semana, na França, depois de toda a polêmica criada a respeito. Um dos pontos defendidos contra a operação, minuciosa e que demanda uma pele que inclui tecido, músculos, artérias e veias do falecido doador, é que, além do grande risco de rejeição e problemas decorrentes da ingestão de remédios de alta toxicidade, a medida poderia acarretar problemas emocionais advindos da "adoção" forçada de uma nova identidade fisionômica.
A paciente que recebeu parte do rosto de uma doadora morta* havia sido desfigurada por mordidas de um cão (cogita-se o uso da cirurgia nas vítimas de Sir Hannibal Lecter) e tinha dificuldades para se alimentar e falar. Ao ver a reconstituição do rosto da mulher feita em computador, que mostra o antes e o depois (atentem bem para o antes) da cirurgia, só me resta levantar a questã: qual o problema emocional maior? Ter de viver ad aeternum com a cara de outrem? Ou não ter cara nenhuma?

*Morta, claro. Já não bastaria doar rim e medula em vida... ficar sem cara ninguém merece.

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