sexta-feira, agosto 05, 2005

130

Um alô e tudo o que eu queria vem aos meus ouvidos. A voz que viera em serenata nos sonhos, a voz que é um ir embora transformada em vir aqui. Então vem. Vem e dá todas as notícias que presenciaste e viveste nas últimas semanas. A transformação da vida que eu teimo em achar que não ocorre comigo, mas ocorre. O mesmo relógio (Ansonia Clock, austero, fabricado em Connecticut. Ali. Na parede) cujos ponteiros para mim só estão certos duas vezes por dia, mas que vejo correr na vida dos outros soando badaladas significativas.
Mas sim, tudo vem sempre na hora certa e no lugar certo, tudo chega sempre no ponto em que tempo e espaço se mesclam, o que me faz pensar que não existe "a hora certa e o lugar errado". Não. A coisa só é certa nesse ponto sem plural. Quando às três da tarde eu desemboco no terceiro verso da quarta estrofe e a vida dá mais um passo. Lá fora alguém me espera. A porta abre e eu entro. E a vida segue.

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