sábado, abril 03, 2004

Nada de futilidades hoje, nem pelo mocassim vermelho que comprei. Eu precisava, mas eu precisava muito de um sapato novo e eu prefiro comprar um sapato novo que encher o bolso do Mel Gibson com mais um punhado de dólares (se bem que eu vou ver o filme, anti-semita ou não, quando tiver me preparado psicologicamente para tal). Aliás, pois é, eu formulei uma teoria conspiratória sobre o filme, mesmo sem ainda tê-lo visto. É o seguinte: o filme pode ser anti-semita até certo ponto e isso é até conveniente... como o holocausto é uma tragédia um tanto quanto recente na história, e ser anti-semita costuma parecer ser mais grave do que ser homofóbico ou racista de um modo mais amplo, qualquer insinuação de que os judeus são responsáveis pela morte de Cristo (como se ele tivesse sido o único mártir, e como se produzir mártires - por mais crísticos que eles sejam - fosse mais grave que cometer genocídios) causaria, como aliás está causando - um bafafá dos diabos, com o perdão da palavra. Bom, criado o bafafá, é evidente que as associações pró isso e pró aquilo vão se pronunciar contra a ofensa praticada e assim... bem... e assim levantar um pouco a bola não dos judeus, mas de Israel, que na figura do Sr. Sharon, tem um papel decisivo na instituição do inferno bélico no Oriente Médio e acaba com uns dez palestinos para cada israelense explodido pelos - e isso também é uma questão de nomenclatura - terroristas. Isso tudo porque as ações israelenses são notoriamente acobertadas pelo(s) governo(s) americanos, agora mais do que nunca, durante a guerra contra o terror. Terror árabe, diga-se de passagem, porque os outros costumam passar batidos. Ou seja... "A Paixão de Cristo" pode até ser anti-semita, mas de certa maneira também pode se tornar um recurso pró-sionista, a depender do andar da carruagem, ou pra ficar mais adequada, ao correr da biga romana.
Evidentemente, o Sr. Sharon não é a totalidade do povo judeu, graças a... Deus?... e o povo do qual ele faz parte, infelizmente, tomou tanta porrada quanto tanta gente que igualmente massacrada, mesmo se não tão recentemente, ou sim, no caso dos próprios muçulmanos bósnios.
Enfim. Quando eu vir o filme, aí sim vou ter o que dizer.

O fato de eu ter postado hoje é graças a um leitor assíduo mas silencioso, a milky friend of mine, que queria ler um nonsense poético. Hoje eu não fui poética, mas fui nonsense, e espero que o senhor se contente com a metade da proposta.

E deixa eu terminar minha caipirinha.

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