sexta-feira, março 26, 2004

Cansada. Coisa nova hoje também. Crianças. Técnicas fracassadas para chamar a atenção e fazer obedecer. Mas o beijo do fim da aula compensou qualquer fracasso. Ô instinto materno, credo! rs.
Eu estou tendo achaques de nostalgia passional. Lembrança do primeiro amor. Do primeiro e quase sempre arrebatador. Que não foi comum. Não foi o primeiro namorado, nem a primeira transa, mas foi o primeiro amor... aquele inesquecível, que normalmente procuramos encontrar paralelos, mas para este eu nem quero. Foi loucura demais, e nem faz tanto tempo, que eu tinha já idade pra ter amado mas não amara, e então... foi sentir a loucura de ter um amor atípico e querer ficar pra sempre... antes de não querer ficar nunca mais. Isso aflorou por eu ter começado a ler "Aimée e Jaguar", que é um dos mais lacrimosos "dyke romances", que hoje nem fazem meu estilo, mas que sempre pela primeira vez, época óbvia de deslumbramento e falta de parâmetros, faziam.
As fofas queriam casar, mas uma delas era judia e naturalmente, se ferrou, senão esse livro poderia muito bem nem existir, não fosse o inusitado de um romance lésbico em plena Alemanha Nazista. Enfim... é um bom livro.
E o que o texto de baixo, tirado do blog português "Gato Fedorento" tem a ver com isso tudo, é que pra mim, essa história de casar e ter filhos, enfim, me faz pensar em figuras masculinas ternas como o Alexandre Borges, mas que para outras tantas mocinhas isso não vale muito, então...


POIS, MAS OS CÃES COMEM O SEU PRÓPRIO VOMITADO: Na crónica de Miguel Sousa Tavares da passada sexta-feira (que, por uma vez, não incluía a palavra “quatorze”) podia ler-se a seguinte passagem acerca da adopção de crianças por homossexuais: “Uma vez mais, a minha resposta é: olhem para a natureza. Já viram elefantes "gays" ou focas lésbicas a criarem filhos em comum?”
Longe de mim querer pôr em causa o estilo de vida do sábio elefante e da sensata foca, que, tenho a certeza, ponderaram longamente até se decidirem pela opção de impedir a criação de filhos por casais homossexuais nas suas comunidades. Mas olhemos, de novo, para a natureza: há animais que comem as suas próprias crias. Confesso que espero, com alguma ansiedade, por uma crónica em que Sousa Tavares defenda que a lei que impede a adopção por homossexuais deve, tomando como exemplo a mesma natureza, encorajar a adopção de crianças por canibais. A menos que o exemplo dos doutos animais deva ser seguido, não no que eles fazem, mas apenas no que deixam de fazer. Mesmo nesse caso, faltamos todos os dias ao respeito à mãe natureza, porque não há um único animal que leia livros, coma à mesa ou viva em casas com aquecimento central. Talvez seja por isso que haja quem lhes chame animais... qual é a palavra, exactamente? Irracionais, é isso. De resto, o próprio Sousa Tavares transgride, semanalmente, a lei natural, uma vez que não conheço nenhum animal que escreva crónicas no Público. Bom, se calhar até conheço um.

Nenhum comentário: