quarta-feira, maio 28, 2003

Os sonhos, pode-se dizer que foram bons... havia, numa sala com uma TV, o contato do meu rosto contra um outro rosto querido, numa sensação de afeto e cumplicidade que me deixava à vontade. Sentia-me aconchegada como me sentira horas antes de acordar... e foi bom.
Mas a manhã está sendo marcada por um sentimento de desconforto (não em relação a isso), cujo motivo são minhas próprias inseguranças particulares. No meu caso, tranqüilidade é morar sozinha, mesmo, do contrário é a sensação (ou a certeza) de estar sempre sendo vigiada, a não ser que uma radical mudança de papéis ocorra. Conversava sobre isso com uma amiga e ela me disse (e me causou um efeito de reflexão temerosa e triste) que eu lamentaria a hora em que de filha, eu passaria a ser mãe da minha mãe. E isso doeu um pouco. Nada como alguém mais velho pra te colocar nos eixos e te fazer pensar. É... será que eu lamentarei a hora em que minha mãe não mais entrará no meu quarto de cara amarrada? Hoje de manhã ela não falou comigo, e portanto eu presumo que isso tenha decorrido da sua vigilância da noite anterior, que eu tentei burlar. Isso me dá vontade de sumir. Muitas coisas me dão vontade de sumir. Radicalizando geral: viver me dá vontade de sumir.
E... existe um fantasma que nos assombra? É sério. Meu pai. Não, não acredito em fantasmas e não, meu pai não me apareceu aterrador como o rei da Dinamarca. Ele só aparece para mim na intensidade da saudade que sinto, nos meus sonhos, nas minhas lembranças. A despeito disso, alguém mandou rezar sete missas em seu nome, fazendo um mix dos métodos da simpatia indicada pelas amigas telespectadoras do Melhor da Tarde, do TV Fama, do Note e Anote, que não sabiam dizer se as missas tinham de ser rezadas todas numa só igreja, em sete segundas feiras seguidas, ou em várias igrejas, todas no mesmo dia. Por via das dúvidas, ela seguiu a variante e ontem foram rezadas cinco missas e hoje serão rezadas duas, em que sem dúvida a expressão "saravá meu pai" será de grande valia. Bom, talvez o fosse se tivesse sido eu a mandante dessa tarefa. Espero então que ela se livre do fantasma que lhe persegue, seja ele culpa, saudade, arrependimento ou qualquer outra dessas manifestações sobrenaturais. Seja como for, eu não quero me livrar do meu amor. E mesmo depois de tanta ironia, que eu possa ser perdoada pela minha prepotência.

Já falei que estou com vontade de sumir?

Mas hoje, enquanto finalmente posto porque ontem desmaiei de sono, não tenho mais vontade.

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