terça-feira, maio 27, 2003

Bem-vindos aos lindos dias de sol e vento, de céu azul e noites geladas, de edredom e leituras, de amor feito com preguiça e pipoca comida com gula. Tudo mau quando não se tem nada disso, tudo bem quando mesmo assim uma estrela no firmamento limpo oferece um fragmento de alheamento e calma.

No entanto, eu não páro de espirrar, provocada pela poeira concreta das lembranças abstratas encontradas no armário do meu quarto, cartas e livros, folhetos e fotos, pedaços de papel que me fazem viajar no tempo, e lá me vejo com dezoito anos, de cabelos curtinhos e uma cara de menina que hoje é falsa, acho-me agora com cara de menina, mas olhando tudo isso me dou conta de que já não sou tanto assim, nem de corpo nem de espírito. Mas, pasmem, até acho que estou melhor agora, mesmo quando já começa a despontar um fiapo de temor quanto ao futuro que me espera.

Meus sonhos são tão nítidos, e mesmo assim quando fui acordada com o telefonema oportuno de R. esta manhã, acabei esquecendo do que sonhara. Mas provavelmente era algo divertido, pois acordei de muito bom humor, na manhã que placidamente se avolumava dentro e fora de mim. Ainda mais gostoso, quando está frio, sentir o sol aquecendo a pele. Engana-se quem pensa que eu não gosto de sol e calor. Adoro. Sobretudo no inverno, quando o desejo do sol é algo que o corpo pede para se banhar em beleza, uma beleza contrária a do verão, que é quando vivemos para fora. No verão, exalamos (expressamos, expelimos, transpiramos, etc, etc) a beleza. No inverno, a absorvemos.

Enfim. Finda a página dos devaneios vespertinos. Beijos. E beijos.

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