Querido diário,
sonhei, ontem, que estava nua na frente do espelho e me dava conta de que meu corpo estava todo tatuado. Quem especialmente se alarmava com a situação era minha mãe, meio chocada com a profusão de desenhos de cores vibrantes. Apesar de não ter lembrança de ter feito aquelas tatuagens e estar um tanto quanto surpresa com a situação, até que eu não estava muito antipática à idéia de usá-las. Uma, no entanto, incomodava-me a ponto de eu pensar em tirá-la de onde estava: era uma enorme bandeira do Brasil estampada em toda a extensão do meu peito. E eu ficava resmungando, pensando que nem um biquini eu poderia usar sem que aquela profusa manifestação de patriotismo ficasse à vista de todos.
Daí, dear diary, que, de repente, talvez eu esteja me dando conta de que vou ter de conviver, pelo resto da vida, com marcas indeléveis (uma delas talvez seja a minha nacionalidade, ela mesma, que faz de mim não uma francesa extraviada, que tenta se adaptar longe da terra que sequer lhe pertence, mas simplesmente uma brasileira apaixonada pela França) e que exibi-las talvez não seja tão ruim quanto à primeira vista possa parecer.
Engraçado é pensar o quão literalmente BANDEIROSA eu fiquei com aquela tatuagem específica.
Yours truly,
Lívia.
2 comentários:
Não pensei nessa possibilidade de interpretação da bandeira.
Fico pensando: o que faz de nós nacionais de algum lugar? O que cria um vínculo de derivação, como a filiação ou a nacionalidade?
Só tenho perguntas. Só perguntas e dúvidas. E um perene, tranqüilo, quase sereno sentimento de não-pertinência. De não pertencer a nada, a ninguém, a lugar algum.
Ah, Bé, é que cadum, cadum: isso de dizer que não sou extraviada é porque um dos meus (e do mundo) desafios é em busca de uma identidade, que foi bastante negada outrora por uma série de fatores.
E que eu, no blog, receosa de expor meu íntimo, expressei de maneira bem superficial. Mas é que postar meus sonhos é uma das minhas diversões. ;-)
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