Eu tinha ido para a aprazível Fortaleza com uma amiga, mas brigamos logo no início do sonho, depois de, cansadas, chegarmos à cidade e vermos a praia repleta de banhistas, e o mar, de lindas jangadas. Desconfiada de alguma espécie de traição, ela me dirigia impropérios, então pegou suas malas e sumiu da minha vista – e deixava, para contatar quem quer que fosse, um celular espatifado que, no entanto, vibrava.
Acabei por encontrar uma turma de jovens sedutores – e com cara de maus – aparentemente liderada pela espiã russa Marina Tsvetáieva, que vocês não conhecem não. Eles, sempre ostentando um tom de desprezo e hostilidade, me levaram para um apartamento, para me torturar, mas a tortura era sobretudo psicológica, baseada em ofensas e ameaças de cárcere e dor física. Não sei como consegui escapar dali. No entanto, instantes depois, os encontrei em um bar e era como se eu tivesse ido ali de propósito. Beijei-lhes as faces, cumprimentei a todos, o que os deixou loucos de raiva, mas nada fizeram contra mim.
Ainda com medo, deixei o bar, caminhando no meio de uma noite agradável, mas sem lua nem estrelas. Tudo parecia escuro, apesar da luz dos postes. Nas ruas, revestidas de um asfalto liso e negro, passeavam jovens de bicicleta, a pé, que tomavam sorvete, cerveja, respirando o ar fresco da noite. Enquanto isso, caminhando em busca de um hotel, fui subindo um viaduto, do qual pude ver uma baía escura, com as mesmas jangadas de antes, navegando movidas pelo vento, que inflava velas sempre amarelas. De repente, o viaduto fazia uma curva com um declive muito acentuado, o que me chamou a atenção. Beirando a obra, estavam prédios de alto padrão, atrás dos quais nada se via, como um recorte no meio do nada. Dirigi-me a uma moça loira que vinha na direção contrária (bem em cima do viaduto, onde os carros não circulavam – não havia carros no sonho) e perguntei: "é esse o fim da cidade?", ao que ela me respondeu que sim, que eu só podia dar meia volta e seguir a direção contrária. Então a segui, ainda buscando o hotel e pensando que, já que eu fui parar ali, iria aproveitar Fortaleza mais um pouco, até o dia marcado para a viagem de volta. De ônibus.
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