segunda-feira, julho 28, 2008

Ui!

Não sei se por algum trauma infantil, neuroses maternas ou qualquer outro motivo obscuro, eu não tenho estômago para filmes de terror, cenas de violência crua ou escatologias diversas, expostas na mídia, bem entendido. Para efetivamente presenciar tais fatos, a tolerância seria menor ainda, de modo que sempre tive resistência a assistir a obras de diversão de massa como "Jogos Mortais", "Turistas", "O Albergue" ou coisa que o valha. O mesmo receio se aplica a filmes de ampla discussão, como "Tropa de Elite" (que eu vi bem depois da comoção nacional e não achei nada demais: o filme é fraco e quem mitifica o capitão Nascimento é mais fraco ainda) ou "Calígula", que hoje em dia deve soar até ingênuo e que eu ainda nem vi. Exceção à minha regra pessoal é "Irreversível", do Gaspar Noé, uma vertigem infernal difícil de suportar e que nos tira toda a esperança - de final feliz, mesmo com aquele "final", de fé na humanidade, de salvação inclusive.
Acontece que ontem acabei vendo, dizem, coisa pior. No meio de um DVD cheio de filmes baixados que peguei emprestado, estava a obra polêmica, por excelência, do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini: "Salò, ou os 120 dias de Sodoma". Na sinopse, quatro expoentes do fascismo italiano, em meio à 2a. Guerra Mundial, seqüestram 16 rapazes e moças e os levam a uma mansão fortificada para, com a ajuda de três experimentadas cafetinas e uma pianista (!), submetê-los à mais extrema degradação, todas, naturalmente, com objetivos de satisfação sexual - a dos seqüestradores. Claro que a obra tem propósitos metafóricos, alegóricos, etc, etc, e dar o cu, hoje em dia, não é lá muita novidade. Mas, enfim, não é agradável ver os guris apanhando de todas as formas, comendo merda de colher e sendo torturados de forma assaz sangrentas na mão de seus senhores.
Foi só pra constar, não recomendo. De tosquice e propostas supostamente alternativas (mesmo que destituídas de motivação filosófica), prefiro de longe a nossa Boca do Lixo. Para análises menos emocionais, favor consultar o Google.

5 comentários:

isabel alix disse...

Peguei uma vez um filme chamado 'Sweet Movie', feito por um polaco nos anos 70. Embaixo do título dizia 'prove-me, sou uma delícia!' O filme é uma narrativa não-linear cheia de umas escatologias lá pelas tantas que me deixaram a sincera impressão de que o filme foi todo feito só e somente só para ser recheado com as escatologias lá no meinho.

Eu não tenho vontade de ver Saló, e eu considero isso um sinal de saúde mental.

Stanislavski disse...

Parabéns pelo blog, gosto da forma que você escreve.

L. Archilla disse...

não vi o filme, mas vi a peça, montada pelos Satyros em 2006. dizem que é a adaptação perfeita da obra para o palco.

...

oq eu posso dizer é que minha intelectualidade ainda não está à altura de tais reflexões filosóficas... haha

Anônimo disse...

esse filme assombra meus sonhos até hoje. tenho pavor. já me fizeram uma análise cabeça do mesmo, mas não me convenceu. continuei apavorada e incapaz de enxergar nele algo além de crianças sendo torturadas e comendo merda. meus outros dois filmes medo são irreversível e a professora de piano.

Liv Araújo disse...

Mas Camille, sabes que do Irreversível eu gostei? É apavorante e torturante do "fim ao começo", mas ele me passou idéias incríveis, achei muito bom.
A prof. de piano eu não vi, mas dizem que é um pavor, mesmo.