quarta-feira, maio 21, 2008

Pôr-do-sol do reco-reco

Da prosa...
A tarde começou com a contemplação dos últimos raios de sol sobre o lago, tremulado pelo vento tranqüilo que não condizia com o peso das nuvens acima; uma parte das águas tremulava para um lado, mais adiante, as águas iam para outro. Aquilo tudo, refletindo o crepúsculo, lembrava uma televisão mal-sintonizada... ou é a televisão mal-sintonizada que é metáfora de um lago que tremula meio absurdo? A TV Digital vai acabar com esse tipo de coisa. Então fico só com o reflexo do lago, que é muito melhor.
... ao proseado
Daí a noite veio, quente como o verão, e com ela veio o álcool. Foi assim: primeiro, o espumante da inauguração duma loja chique no Moinhos Shopping. O recanto da penetrália (ficou erótico, mas não é) festiva; depois, Jojô e eu indo a um restô-bar (como a turma do valor-agregado chama botequim metido a besta) muito bem decorado e ambientado na Praça Maurício Cardoso. Chopp a R$ 5,50. E terrine do chef, com uma pasta de salmão e outra de, hum, foie-gras? que, juro, uma lembrava sardinha em lata, e a outra, o whiskas sachê de Mercúcio José, modusquí toda a brincadeira custou bastante dinheiro e teve gosto de ração felina. Não contentes com a farta de faltura (ou a falta de fartura), a alternativa foi descer para o boteco ao lado, cuja proprietária era uma dona de classe, tratou-nos mui bem a chope e caldinho de feijão (banquete orgiástico que se revelou muito melhor em custo-benefício). Lá pelas tantas, entra no recinto cubiculístico um grupo de jovens louros-bem-nascidos, munidos de cavaquinho-pandeiro-reco-reco-agogô-só-faltou-a-cuíca e dali, de dentro do bolso metafórico, sacam de um samba bem tocado com direito a breque e Folhas Secas e outros clássicos. Assim, em pleno bairro nobre da capital gaúcha. Porque é muito chique ser gente hoje em dia, povo.

4 comentários:

Joelma Terto disse...

Até hoje eu tô achando tudo isso meio surreal demais. Todo aquele samba de moços classe média ALTA precedido por terrines bem ambientados precedidos por champã no calor do outono (!). Mas eu gosto. De Porto Alegre e de vossa companhia, senhorita. :*

Ainda nao sei o que sou. disse...

cada dia mais me convenço que tenho que ir embora de Santos e arrumar um cafofinho em Porto Alegre.

*inveja*

Liv Araújo disse...

Ludmyla,
não vá embora de Santos, não. Aí tem os longos jardins de praia do mundo, tem o leão e a leoa, e em Porto Alegre faz mais calor (no verão, claro). E os salários são menores. Não vale a pena. ;-)

Joelma Terto disse...

Movimento dos que migram, não se importam em ganhar pouco e, mesmo assim, são felizes.
Em tempo: não ganhei na mega-sena, mais uma vez. Humpf.