segunda-feira, março 17, 2008

Inventaram a roda, mas vamos reinventar os pés?

Nessa de passar a bola para que outras pessoas digam o que eu não diria melhor, segue artigo do Ruy Castro publicado na Folha de S. Paulo, hoje. É um sentimento do qual compartilho, especialmente aos modelos crossovers que, de acordo com os cadernos de veículos de vários jornais do país, vem chegando ao Brasil com força total. Vide o lindíssimo (e desproporcional ao tamanho do dono - entendam como quiserem) Cayenne.

Extensões da roda

RIO DE JANEIRO - O Rio chegou a 2 milhões de carros; São Paulo, a 6 milhões. No Rio, é um carro para cada três habitantes; em São Paulo, são dois. O automóvel venceu. O comunicólogo Marshall McLuhan, talvez a única voz otimista de 1968, errou feio: o ser humano é que se tornou uma extensão da roda. Mas, em 2008, quem quiser chegar rapidinho a qualquer lugar, é melhor que vá a pé.
Uma prova de que nos reduzimos a indesejados apêndices de nossos veículos é o destaque dado pelos on-lines, jornais e TVs ao trânsito e às enchentes. Ocupam muito mais espaço do que a morte de, pelas estatísticas, 1,2 motoqueiro por dia em São Paulo. A informação de que há "congestionamento" ou "pontos de alagamento" em tal região é mais importante que a tragédia diária de um motoqueiro ou o estropiamento físico de outros seis ou sete. E que se remova logo o cadáver para o trânsito voltar a "fluir".
Ouço dizer que um dos motivos do estrangulamento de nossas cidades é que, hoje, qualquer pessoa pode comprar um carro e pagá-lo em até 72 meses. Significa que esse carro só será quitado daqui a seis anos. Mas, muito antes, já terá ficado tão "velho" que precisará ser trocado por outro, claro que do ano. Sem problema: dá-se a furreca de entrada e liquida-se o resto em mais 72 meses, num endividamento que, pelo visto, só termina com a morte. Para isso nasceu o ser humano?
E outro motivo para que nossas cidades estejam ficando intransitáveis me parece ser o tamanho dos carros. Foi-se o tempo em que as pessoas queriam carros bonitos, leves e elegantes. A ordem agora são as jamantas, os furgões grosseiros e os jipes gigantes, que, até há pouco, só se viam na zona rural, transportando estrume. Iludimo-nos com a idéia de que moramos em Nova York, mas rodamos por ela em diligências do Velho Oeste.

Um comentário:

Adelaide disse...

Meu bem,

Eu discordo muito disso tudo. Creio que os engarrafamentos não são causa, mas sim conseqüência do descaso de investimentos em infra estrutura. São poucos os lugares do mundo onde se vive tão amontoado como aqui, mas pelo simples caso de qe vc não pode morar longe do trabalho, uma vez que não há um sistema de transporte público decente.

Nos Eua, com uma população infinitamente maior, poucs cidades sao tão populosas como São Paulo o Rio. As pessoas preferem morar, com melhor qualidade de vida, nas periferias. Há engarrafamentos, mas nada se compara aos 100Km diários de SP....mas esta é uma longa discussão...

Olha só, fiz uam pequena brincadeira com os blogs que gosto de ler e acompanhar. Vc está lá...


Beijos