Aí você vai ouvir Beatles e, num espaço musical de mais ou menos dez anos, percebe que a juventude é o começo de um processo de autonomia que vai da ingenuidade à desilusão. Daí, talvez, o mérito de Across The Universe, um musical que não se compara a Hair, mas que oferece a alegoria da (r)evolução de uma maneira doce e plasticamente muito bonita.
E, veja bem, a ordem dos fatores não altera o produto. Eu comecei meio hippie, sabe? Quero dizer, cheguei ao alto dos meus 12 anos amando os Beatles de Abbey Road e passando as horas de RECREIO anestesiada pelo walkman que tocava Janis Joplin e o álbum quádruplo de Woodstock gravado em fitas cassete. Cheguei perto dos 16 cultivando cabelos compridos e me interessando por rapazes de calças jeans puídas, cabelos encardidos e amantes de rock n' roll. E agora vejo que minha vida olha para os céus cinzentos de Liverpool, contempla os barcos no porto e segue um roteiro de acordar cedo, roupas sóbrias e escuras, café pontual, burocracia e obediência ao capitalismo, que não dura para sempre mas que ganhou a guerra fria.
E não é nem para dizer que meus pais fracassaram: eles nunca saíram da rotina acachapante, nunca fizeram a revolução, nunca quiseram mudar o mundo. Portanto, se não tentaram, como podem ter fracassado? O fato é que dá para passar a vida assim... linearmente. Indo de um dia a outro até acabar. Mas a forma não é tudo... me dá uma impressão, no fundo de algum lugar, que a revolução começa (e até termina) por dentro. Quem me conhece, que me compre. ;-)
3 comentários:
eu escrevi esse texto ?
Não, Isa, você não escreveu. ;-)
poisé! Eu sou um beatlemaníaco mais precoce ainda! Eu aprendi a mexer na vitrola lá de casa com 6 anos só pra ouvir os discos da minha mãe! E não parei até hoje!!!
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