Falta pouco tempo pra minha tia paterna mais nova morrer. Olhando-a em vida, sempre tive a impressão de que isso que vai acontecer era uma coisa que ela queria, sempre quis. Mas imagem não é nada.
Sempre olhei para as fotos antigas do meu pai e de minhas tias, nos anos 30, 40 e 50, no meio do nada, como uma cena que me lembrava a época da depressão norte-americana. Eles não tinham cara de retirantes, mas daquela gente pobre do interior da América que se deixava corroer pela desgraça e parecia não ter amor no coração, só amargura.
E essa tia, hoje moribunda, era uma menina linda nas fotos, de vestidinho xadrez e fita no cabelo, ou então com o uniforme da escola. Mesmo assim, era aquele olhar duro dos Gouvêa, ou então talvez fosse só o sol batendo no rosto.
No mais, chega a ser poético ter a tia que não foi feliz (nem tanto por não ter casado, mas ter talvez acreditado que a felicidade pudesse ter a ver com isso), que enlouqueceu, que ermitava numa caverna de loucura e melancolia.
2 comentários:
que triste lívia... até cruel...
um beijo pra tu e para ela.
Lili, esses são adjetivos que dizem respeito à vida (assim como 'alegre' e 'bom', só dependem do contexto)...
um beijón pra ti também. Quando voltas a Porto Alegre?
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