segunda-feira, janeiro 07, 2008

Viver e...

Eu senti saudade de quando nós três éramos aquelas amigas inseparáveis, talvez porque reunidas sob o domínio da fase dos estudos, um confinamento que nos abriu para o mundo, ainda que uma de nós o tenha deixado, por escolha própria, por mais aberto que o mundo estivesse para nós (e é essa abertura que nos torna livres até para isso, para as finalidades mais trágicas). Senti saudade da mágica daquela união poetizada pelos segredos inconfessáveis, pela juventude que crê na eternidade de certos laços - ou pelo menos que essa eternidade será sempre visível ou vigiável -, e pontuada de aventuras, de decepções desesperadoras, de desafios em que podíamos nos dar as mãos.
Hoje, talhadas e lapidadas pelas próprias escolhas, ela é lembrança doce e triste de uma vida que se apagou; eu vim para um exílio voluntário em que aprendo a ser e ser e ser, tornando-me feliz aos poucos; e tu serás mãe, espalhando cor e forma pelo mundo, a começar pelo quarto do teu rebento.

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