"Caterpillar!"
Aneurisma é um nome tão ameaçador que só pela maneira como soa, você já pensa em tragédia. Cataclisma também. Em compensação, quando pequena, confundia sempre cataclisma com cataplasma. Pulava da desgraça para a cura melequenta em um segundo. O que me faz lembrar que até hoje, uma das minhas primas mais inventivas, toda vez que um indivíduo espirra (sem conter o ranho, de preferência) escandalosamente, exclama: "cataplasssma"!
Essa é a minha família, no lado dos Araújo: cheia de inovações e renovações lexicais. Impossível não relembrar alguns dos termos mais célebres.
- Elêps: legal, bacana, descolado, divertido. Ex.: "O que disco novo da Blitz* não é elêps"?
- Sabiácuta: algo que não é exatamente o ideal, mas se presta bem como solução ante à falta de escolha. Algo na linha do "não tem tu, vai tu mesmo". Ex.: "A tia Duda ficou doente, mas tia Malvina fez o franguinho de domingo e ficou sabiácuta".
- Pacote escolar: Sem comentários. Na praia, minha prima aponta pra um velho com tudo caído, de sunga azul-marinho e diz: "olha o pacote escolar daquele velho! Tem régua, compasso, tubo de cola, lápis de cor e até lupa!"
- "Será o benedito? Ou o paletó dele"?
- "Quer aparecer? Sobe em cima dum poste e senta"!
Depois de uns anos, algumas dessas pérolas caíram em desuso, quando o gene do neologismo inusitado foi descoberto em um sobrinho que contava uns três anos e, depois de beber um copo inteiro de Coca-cola, ergueu o copo com o ar da mais pura saciedade e disse:
- Caterpillar!
- Caterpillar (s.m.): "cheers". O procedimento é o seguinte: faz-se o brinde comum, bebe-se um gole, ergue-se o copo seguido da expressão referida.
Brinde disseminado em Pelotas e Porto Alegre. Use "Caterpillar" você também!
* porque afinal, eram os anos 80.
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