segunda-feira, novembro 14, 2005

De volta à prateleira


Mais de trinta graus no feriado. Com o calor do sol veio a prova de fogo dos reencontros doloridos. Mas, sabe? Nem tanto. Aliás, quase nada. É possível que tenha passado o tempo de se rasgar em lágrimas e soluços, parte de uma pós-adolescência que só fazia cultivar e poetizar as decepções, alongando-as até à última carninha mastigada.
Bem, claro que houve a lembrança do desejo na tangente dos olhos e na intersecção dos olhares. Mas esse resquício partilhado nos três minutos em que a amiga em comum foi ao banheiro não durou ao longo de uma observação até serena, que resultou na consciência de uma incompatibilidade dissimulada pela ilusão do amor. Ah, bobagem. Era amor mesmo e essa porra compatibilizava tudo, uma prensa que estampava na capa do livro qualquer título que não deixasse dúvidas de que as páginas, mesmo viradas, eram de um romance.

(Podia ser Iracema em todas as vezes em que a asa da graúna se esparramava no travesseiro).

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