Milton Ribeiro, Ane Aguirre e Ticcia Antoniete: blogueiros em transição para a literatura impressa.
Para um evento que acontece há 51 anos, a Feira do Livro de Porto Alegre sempre foi palco de todos os talentos, nascentes e até poentes. Onde há livro, há discussão e há geração (às vezes espontânea) de idéias. A geração, no caso da edição 2005, é de novos talentos que estão nos ensinando que a literatura não precisa necessariamente ser lida no papel e revela um fato: os blogs estão facilitando o acesso à leitura e a visibilidade de novos escritores.
A aurora dessa literatura que encontra novos meios de escapar do crivo do mercado editorial (incluindo editores e livreiros) foi discutida no Centro Cultural Érico Veríssimo, com os gaúchos Milton Ribeiro, Ane Aguirre e Ticcia Antoniete, os cariocas André Dahmer e Wagner Martins e a editora paulista Alê Felix, mediados por Armindo Trevisan, um premiadíssimo poeta gaúcho e professor universitário cuja intimidade com o computador se limitava a salvar seus textos no Word. A mistura dessas duas gerações resultou em um debate gostoso e acalorado papo. Será que Dahmer tem razão quando defende que o blog deve se estabelecer como a resistência à desinformação das grandes corporações de mídia? Ou o que o blogueiro quer é justamente poder ter seu lugarzinho ao sol e ser justamente reconhecido pelos grandões? Afinal, o Noblat pareceu bem feliz (e, de fato, é um reconhecimento) de ter seu blog adotado pelo portal Estadão.
Por último, o assunto que mobilizou blogueiros e platéia (em sua maioria, de blogueiros também?): a satisfação de ser lido e a condição de escritor. Para Ticcia e Trevisan, a satisfação em se saber lido. Para Alê, a consciência de conseguir dar forma ao que se nos vai por dentro e transformar sentimentos em textos. Entre vaidade e reconhecimento, subjetividade e comunicação, o fenômeno dos blogs pode acabar atingindo o objetivo de dar a leitores e escritores o prazer de ler e ser lido.
Festança dos blogueiros
Belly, fazendo gênero de óculos escuros e eu, provando que minha sobrancelha impõe tanto respeito quanto a da Frida Kahlo.
E é claro que evento de tamanha importância não ia deixar outros leitores/escritores de fora. A satisfação de ter o Blog de Papel em mãos foi acompanhada pela experiência de conhecer, em carne e osso, vários blogueiros e seus comentadores. Tanto no Memorial do RGS, no Érico Veríssimo quanto no Hotel Everest (e cevas, refris, cigarrins e vinho branco), houve a magnânima pin-up literária Belly, a co-megera Ro, o fofíssimo Leandro Gejfinbein, a promissora desenhista Chiquinha e a frô do Pantanal (hohoho), Van Lampert, perdida em Porto Alegre assim como yo. Não dá pra esquecer da Joelma, que faz parte da assessoria da Feira e forneceu a melhor pauta para o jornal da RBS: o Blog de Papel.
Update - dando os devidos créditos: a foto da Ane dando autógrafo fui eu que tirei e as demais são de autoria da Ane e da Liège, irmã dela. Obrigada pela cessão das imagens!
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