quinta-feira, outubro 20, 2005

Bregonhas da adolescência

Conversa com Miss Happenings é risada garantida, respeitável público. A quantidade de besteira que corre via telefônica ou pessoalmente é sempre a granel e toda essa verborragia rende assuntos memoráveis para posts que eu raramente aproveito. Mea culpa. Mas hoje, sei lá, resolvi dar aqui testemunho de um desses assuntos: a sempre ridícula adolescência. Se hoje eu torço o nariz para Avril Lavigne, Evanescence e All Star preto até o joelho, é porque eu tenho vergonha de admitir que adorava ver Axl Rose gritando feito uma franga e rebolando com aquela bermuda de lycra branca, ou então que tive uma fase em que ouvia Pink Floyd, Jethro Tull e meu livro favorito era "As Brumas de Avalon". Mas, graças ao bom senso, a moda Wiccan ainda não existia e eu passei longe de me encontrar com coleguinhas na praia do Gonzaga to Goddess worship, oh my.
Mas talvez a maior vergonha da adolescência (e não só dela) é o amor. Os tipos pelos quais a gente se apaixona, beija na boca ou então devota um platonismo pueril... eu, aos 15 anos, ostentando minha camisetinha do Nirvana no colégio, era louca por um rapazinho que usava camiseta preta do Deicide, era beeem branco e tinha uns cabelos negros bem volumosos. Ele, claro, todo blasé e minimamente simpático comigo, o que devia ser até uma ousadia pros colegas que deviam rir dele por isso. Enfim... a coisa não saiu do platonismo e eu dei ainda bem por, já no segundo colegial, o guri ter esquecido de cortar o cabelo, aparar a barbicha de bode e tudo ter crescido a um nível tão descontrolado que ele ganhou o apelido de Gal (de barbas circenses).
O meu segundo amôzinho veio nesse mesmo ano: era um rapaz alto e magro, desalentado, atormentado, desgrenhado, que usava um all star imundo e andava de calça rasgada e encardida. Mas ah, era anarquista (melhor que comunista, à minha concepção de então) e xerocava poemas pra vender. Também dei graças a Deus por a coisa não sair do platonismo: certo dia a calça rasgou na altura da bunda e foi nesse dia que o colégio descobriu que ele não usava cueca. Da última vez que o vi, num evento cabeça no SESC, ele tinha cortado o cabelo e usava boina e gola rulê. Gal, em todas as vezes em que o vi, nos anos seguintes, tinha a barba e o cabelo ainda maiores.

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