quinta-feira, setembro 08, 2005

Raindance dreamlog

E então eu estava em Curitiba, naquela tal de ONG, cobrando meu pagamento não pago de freelancer. Vida dura. Dia de sol, pensando: "estou aqui... mas será que isso não é um sonho"? Tinha certeza de que não era... no meu raciocínio, um sonho não poderia ser tão palpável e a prova disso era que eu sentia bem a temperatura das coisas. Enquanto dizia ao tesoureiro deles que não tenho dinheiro sequer para mandar vir o resto da minha mudança, eu tocava nas prateleiras de metal e as sentia geladas, em contraste com o calor do ambiente... aquilo não podia ser um sonho e eu realmente estava olhando na cara dele e dizendo que sim, vou processá-los. Outro critério era que, para ser um sonho, alguma coisa inusitada deveria acontecer. Ao sair dali, portanto, tudo pra mim fazia muito sentido e eu (mesmo sabendo que a rápida da Martim Afonso era completamente pavimentada) caminhava pela rua de terra, com o sol a pino, olhando casas bem caiadas com janelas de umbral florido quando, no topo de um monte de areia, eu vi uma índia idosa, que dançava e cantava e me dirigia uma bênção cujas palavras eu não me lembro mais. No entanto, ela dizia sempre uma mesma frase de efeito, como se fossem palavras mágicas, e então eu me convenci: aquilo era mesmo um sonho.

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