quarta-feira, agosto 10, 2005

Chasing her

Os anos passaram e a psicodelia juvenil se fora. Já não pedalava quase 50 km até Waterloo para lembrar, entre outras coisas, do baixinho de mão enfiada por entre a abertura da farda. Sua única guerra não era fria, mas quente e silenciosa e envolvia degraus de uma subida recompensadora.
Ali, no terraço do La Brouette, um café que há na Grand Place em Bruxelas, ela olhava marcas escarlates, olhava o café quentinho e se deixava volatilizar pelo aroma da semente cheirosa, viajando a plantações, imaginando sacas de juta e se lembrando de uma época de cortinas coloridas, quarto bagunçado e cabelos cacheados cujo castanho bem escuro contrastava com a suavidade leitosa da pele.
Em cada pista que ela deixava, um esforço guardado para desvendar o que estaria por vir.
Comeu o chocolate e deixou a embalagem vazia sobre a mesa. A nota sobre a bandeja. O batom na xícara. "Viens me chercher", pensou em francês.

Nenhum comentário: