sábado, julho 09, 2005

Puta

Sentada. Parada. Joelhos juntos, mãos entrelaçadas, lábios selados. Estivesse de olhos fechados, nada seria. Olhos abertos, o brilho escandaloso atravessando janelas escancaradas.
Não fosse o sangue de veias e vasos, nada seria. O sangue lhe deixava as faces rubras, a pele corada e pulsando o suficiente para que o pior observador soubesse que está viva.
Não fossem os poros, nada seria. Os poros permitiam que uma gota de suor lhe escorresse pelo rosto e uma certa oleosidade conferisse à pele um certo brilho.
Não fossem seus pensamentos, nada seria. Os pensamentos lhe traziam, em vagas insistentes, a perversidade à qual se entregava para enganar quem estava do lado de fora e mergulhar, num mar fluído de umidades, todos aqueles que desejava e não se sabiam observados pelo olhar brilhante.
Sentada, parada, joelhos juntos, mãos entrelaçadas, lábios selados, ela quietamente gozava em jorros.

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