segunda-feira, julho 18, 2005

Banco Imobiliário


"Você quer trocar um apartamento na Vieira Souto por um vinil do Lupicínio?"


Uma das melhores coisas da infância é se entregar, com pais e/ou irmãos mais velhos que dizem que tu és café-com-leite ("não pode, viu? a caixa diz 'a partir de 10 anos'"), a tardes chuvosas ou noites jogando Master (eu decorei a maior parte de todas aquelas cartas e ganhava a maioria das partidas. Um horror), War e O Jogo da Vida, em que se era obrigado, em certo ponto da vida, a hipotecar a casa, ou ganhava menos se não fez universidade e o conceito perfeito de "vida" era uma minivan cheia de filhos dentro. E todo mundo queria ganhar aquele jogo.
E tinha, claro, o Banco Imobiliário, que eu jogo até hoje, se bem que com adaptações: na verdade, eu uso o dinheirinho colorido pra jogar pôquer. Ouvi falar que havia uma versão gangster do jogo nos EUA, em que os integrantes, ao invés de negociarem a venda e o incremento de casas e hotéis na Avenida Atlântica ou no Morumbi, disputavam bocas de fumo e congêneres. Não durou por muito tempo, porém.
Como a venda de jogos de tabuleiro caiu consideravelmente, dada a ascenção dos jogos eletrônicos, acho que a Estrela podia dar sua grande cartada: "Banco Imobiliário - versão Planalto". Lá, cada pino colorido representaria um partido (podendo-se inclusive manter as mesmas vivas cores) que, no correr das voltas do tabuleiro, negociariam ministérios. Pino azul consegue comprar a Casa Civil por $320. Ótimo! Começam-se os incrementos. Casinha Verde é lobby, por exemplo. Jogam-se os dados. Um, dois, três, quatro... sorte ou revés! Sorte: "você foi convidado a receber uma quantia mensal para aprovar projetos do Governo. A casa rodada, recebe $30"; revés: "Foi instaurada uma CPI para apurar irregularidades do seu partido. Receba $200 mas não jogue por duas rodadas". A prisão, claro, pode ser afrouxada dependendo de quantas cédulas verdes ou brancas o jogador possui.
As tardes de chuva nos lares brasileiros certamente passariam a ser bem mais realistas que o Jogo da Vida.

Nenhum comentário: