sexta-feira, fevereiro 04, 2005

O papai não sabia cozinhar

Ocorreu-me algo interessante: apesar da minha atual compleição "bem fornida", como diz LFV, durante a maior parte da minha infância eu fui uma criatura com perninhas de saracura, magérrima antes de ser megera. O que acontecia é que eu era constantemente acusada de sofrer de falta de apetite e, de fato, a hora do almoço era um suplício. A lavagem cerebral que meu pai me fez colou bem, porque eu realmente acreditava sofrer de falta de apetite. Mas hoje de manhã, lavando a louça e recolhendo um pedaço de cebola que escorregava pelo ralo da pia quase como uma minhoca, me veio na memória a comida do meu pai: ele temperava a salada com óleo de soja (desplante!) e vinagre demais, o que deixava qualquer coisa amarfanhada. Ele colocava esses horríveis pedaços de cebola em tudo. O feijão dele era pessimamente temperado e durava muitos dias, sempre com a adição de um pouco de água. E, quando ele fritava ovo, nunca era o suficiente e perto da gema ficava aquela clara nojenta e transparente. Ou seja: não era falta de apetite. Era engúio mesmo. Eca.

P.S.: Para quem não sabe, a estrutura da minha família nuclear era diversa. Como meu pai aposentou no ano em que eu nasci e resolveu que não queria mais trabaiá, minha mãe é que ia pra fora e ele que ficava em casa, fazendo faxina, lavando louça, cuidando de fio e fazendo o armôço.

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