sexta-feira, novembro 12, 2004

Como toda mulher chique e descolada (ainda que coma batatinhas chips à frente da TV de vez em quando e chore por motivos nem sempre elegantes, como eu) gosta de gatos, para o desespero incompreessivo do pobre smart shade of blue, são eles, os felinos, que detém a grande parte do meu amor. Mas sim, eu confesso: converso com cachorros. Uma espécie de Juó Bananere toma conta de mim e, toda vez que eu encontro um ser canino, de preferência vira-latas, eu entabulo um diálogo (em que um dos lados corresponde esporadicamente com latidos, espirros,bocejos e um olhar de profundo entendimento) mais ou menos assim:
- Mas oi, cachóro! Bom dia!
- ...
- Coméqui vai a famiglia? Voshê anda cumendo molto ósho? Non?
- ...
- Cual sheu nóme, cachóro?

Eu sei que um dia, um deles vai me responder.

(...)

O bairro do Cabral ao final da tarde me lembra dezembro, janeiro e a chegada em Curitiba. Lembra-me a chuva de verão que, na cidade, faz a temperatura diminuir. Em frente à igreja de Bom Jesus, a calçada, as pedras da calçada, as árvores frondosas cujas folhas gotejam a tempestade que acabou de passar. O céu que escurece atrás de algumas nuvens pesadas que aos poucos se dispersam. Andar pela rua, o som do sapato no cascalho, as ruas largas e expressas.
Meu primeiro janeiro aqui foi especial. Que me espera o próximo? Talvez um novo arrefecer, uma história diferente que muda seus contornos e que envelhece como sua protagonista. Não paro de pensar, de sentir, de viver. Quero a placidez da terra fresca e fértil nos meus próprios campos.
Gosto desse vento, a noite chegou.

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