quarta-feira, junho 02, 2004

Madrugadinha não tão fria, olhar que olha longe, longe, com um brilho de abajur que ilumina um álbum de fotos empoeirado. Cidade nova que já guarda passados, a primeira vez que desci em tal ou tal tubo, que percorri qualquer calçada úmida da chuva torrencial do verão. Eu estou nostálgica, e como a Cam, poderia abrir um tópico do gênero "I love my inbox"... eu não era eu, de fato, eu era o que não sou mais, eu sou mais do que eu era então... veio o mar e lavou tudo, e foi o mar, límpido espumando sobre um plano de areia branca e fina, uma cadeira, um fim de tarde e nessa madrugada de quase inverno eu estou estival. Só consigo sorrir, pois que não há nada do que me arrependa, afinal as pontuadas culpas eram só de brincadeira e sequer existiam, portanto foram logo esquecidas, tenham sido minhas, da Lua ou fosse de quem fosse. Sobram sorrisos de graça (segundo Marcelo Rayel, graça é a beleza em movimento), da doçura nunca esvanecida, de lembrança de calcadas com o mapa de São Paulo sob meus pés e de livrarias cheirando a papel novo, museus, catedrais, parques, caminhadas, o novo e os novos a cada instante da vida que se renova e nos transforma em outros sempre. Sorriso sonolento e amanhã já não sou mais eu.

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