Sim, um pouco sumida, eu sei. Sono, simplesmente sono. Sono agora, inclusive. Corpo dolorido de muitas horas intensamente agarrada a Morfeu. Mas só lembro de duas coisas: de carregar uma bolsa de viagem vermelha, de couro e verniz, e de conversar com um cara vestido de lorde inglês mas calçando havaianas, num escritório que era como uma extensão da minha casa.
Dias agitados pelo festival santista de curtas-metragens. Pelo menos os da mostra internacional, um melhor que o outro. E quero fazer a oficina de roteiro pra cinema do José Roberto Torero, no Sesc.
Fase de crise superada? Não sei. Só sei que tenho me divertido como no comecinho. Bom, quase, já que não temos tanto tempo assim. Nada em que não se possa buscar cheiros e toques já familiares e bem vindos, que guardam o mesmo encanto, pois não se perderam. Ainda bem que eu me enganei com meu pessimismo.
Hoje ainda, me esbaldar de ver Jacques Tati às 19h e mais curtas franceses às 21h. Ah sim, finzinho de inverno gostoso como uma primavera. E tudo indica que o comecinho de primavera será gostoso como o inverno. Ando flanando com minha bermudinha marrom e minha camisa branca acinturada, coroada (ao contrário) com chinelinhos... esses dias nublados e frescos me trazem o verão normando de 1998.
Excerto solitário perdido no HD:
Ocorre-me de escrever quando o tempo fecha, a chuva cai e tudo quando é bicho está em sua toca. É em horas assim que eu me ponho fora da toca, em que me encontro desprotegida pois o que está dentro é a tudo que me resumo.
Os dedos estão tão gelados que fariam-me mal se tentasse tirar-me algum prazer através deles; de minuto em minuto correm-me arrepios pelo corpo e não são de desejo. Entretanto, não estou sozinha. Se aqui no meu quarto não há presenças, tenho alguém ao menos em quem pensar e é de lembranças recentes que aqueço o oco da minha interioridade que se escapou da toca.
Toda a dor de que reclamei só veio de uma leve escoriação. Faz tempo não me firo, mas tampouco me rasgo de paixões perturbadoras.
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