quinta-feira, agosto 14, 2003

Ouvir Portishead em um dia nublado é pedir para que o inverno nunca termine...
Desassossego, seja ele pessoano ou camilliano, é sempre (talvez) algo desconfortável que faz menção de rasgar o peito de dentro para fora. Sinto assim agora e há horas em que não sinto, mas a inquietação está sempre aqui, ou lá, ou alhures, sobretudo está na minha falta de assunto.
Quem nunca teve a impressão de estar estático, mesmo que nunca o esteja completamente? O meu hoje ainda não foi nada e o bem-estar do meu ontem não se estendeu para cá. Hoje não tenho mais o cheiro do café, o vitral dos olhos claros de S., sua timidez que eu adoro cutucar com ousadias ditas em voz baixa num cruzamento de avenida, o trago desinteressado no cigarro dela, o vigor dos meus exercícios respiratórios e a delícia de perceber que eles fazem efeito na hora de cantar, empurrando minhas entranhas com o diafragma, cavando espaços no crânio com o som e emitindo música, soltando o corpo, encostando as mãos no chão... o hoje é reservado a surpresas, como essa do sol que rompeu a névoa.

Vontade de corpo, de acrobacias, de ir alongando tudo. Acontece quando ouço "Glorybox"... ô languidez desenfreada (risos).

Diana está em um novo templo, numa outra parte que julgo dela mesma.

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