terça-feira, fevereiro 03, 2009

Um templo a um deus diferente

Disclaimer: depois desse arroubo de ridiculice, tive vontade de apagar esse texto horroroso. Yo, falar da própria variz no blog? "Arquitetura do corpo em pleno viver"!?, ainda me justificando que sou uma mulézinha como "todo mundo", que usa creme anti-idade? Achei mediocremente risível. E por isso achei que vale a pena eu rir das minhas próprias ridiculices, de modo que vou mantê-lo aqui.
Hoje de manhã senti, pela primeira vez, uma dor meio diferente na perna. Fui apalpar, examinar e, percebi ali no lado interno do joelho, a veia dilatada, solitária: uma variz ('Cês sabiam? Varizes, que a gente praticamente só usa no plural, tem um singular: variz).
Sei lá, se não estivesse na minha fase ciclista, poderia ser pior: a variz poderia ser plural e ainda mais dolorida. Mas, somada aos já profusos cabelos brancos que não me engrisalharam ainda, na frô dos meus 30 anos que já se escoam na proximidade do mês de abril, senti, com certo orgulho, mais uma marca que é a arquitetura do meu corpo em pleno viver. Estão ali a cicatriz quase imperceptível no pescoço que ganhei aos quatro anos de idade, as estrias esbranquiçadas das minhas ancas, que apareceram sei lá quando, a cicatriz da apendicite aguda e tudo aquilo com que o tempo me presenteia.
Não que vá me escangalhar: não é desleixo. Estão, no armarinho do banheiro, os Chronos 30+ diurno e noturno, o protetor solar, o soro fisiológico, os hidratantes, a parafernália toda. O tempo pode ser mais suave, mas é a verdade. O tempo é uma verdade que se imprime na pele e que nos faz passar (talvez não seja o tempo que passa: quem passa somos nós), ainda que escondamos no armário o retrato aquele, do Dorian Gray.

4 comentários:

isabel alix disse...

ARRASA, NÊGA!

Mas lamento informar que a sua variz é só um anteprojeto de variz. Precisa de lupa, microscópio, telescópio (quiçá endoscópio!) para vê-la.

Seu cartão postalis chegou! Deu tanta emoçã que nem li ainda. Agora vou ler. Tchau.

Joelma Terto disse...

Hôuj eu passei o dia todo sentindo rugas se formarem ao redor da boca. Tô sentindo ainda. Elas saltam, pipocam feito... ãhn, pipoca (!) bem ali no limite entre o lábio e a pele do rosto. É doloroso, sabe? digo, fisicamente, sentir o nascimento de uma, duas, várias rugas. E eu nem uso Chronos...

Anônimo disse...

O tempo vai correndo. E a gente vai se tornando uma (uva) passa... Literalmente!

Liv Araújo disse...

Ou um maracujá de gaveta, Renato! ;-)