Hoje surpreenderam-se com os meus balzaquianos cabelos brancos sem pintura. Não que eu não queira, isso é só resultado de um desleixo que é, ao mesmo tempo, amor aos meus cabelos sem o revestimento da não-restauração, que me fazem olhar o espelho com auto-piedade e um fascínio enorme - e medroso - pela morte vindoura e desconhecida.
Nem dormi nem acordei, essa noite. Sonhei que o som alto do rádio, na sala, tocando a Rádio Globo, não me deixava dormir e que eu estava sempre por acordar. E estava, tanto que abri meus olhos às seis da manhã, desperta pelo meu próprio anseio do dia que nascia com cantos de pássaros e roncos de motores.
Passei o sábado e o domingo pensando, pensando, preguiçosamente. Apavorada com a prosa preciosista de William Faulkner, apavorada com o desconhecimento da natureza da miscigenação. Pensando, preguiçosamente, em rastrear os passos de uma presa e de prender-me em suas garras. Sempre com o gato no colo.
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