Tudo o que me é de mais caro cabe dentro de uma lata. Uma carta de baralho puída pelo manuseio, um coringa macedônio; fotos 3x4, entre as quais a do meu pai, o bigode aparado, a camisa com dois botões abertos, o olhar profundo, o topete lustroso e demodé que ultrapassou décadas; bilhetes verdes da RATP; mapas de alguns dos meus tesouros, cinco passos para a esquerda, dois para a direita e um X que sempre troca de lugar pois em cada lugar há um tesouro valioso e diferente. Na lata, eu moro com minhas lembranças.
2 comentários:
Lívia, querida amiga,
Adorei seu texto, é maravilhoso...
De fato, me lembrou um outro, do Quintana, que é tão importante quanto simbólico em minha vida:
O que o vento não levou
No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...
Mário Quintana
Beijo!
Wow! Só você mesmo pra fazer meu ego dormir no teto!
E esse é um dos meus poemitos favoritos dele, também. Gosto muito. :-)
Merci merci e temos que conversar!
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