O negócio do país, esse nosso, é fazer o sangue aflorar, tudo por conta de uma epidemia que não é só de dengue: é de apatia e descaso. Apatia do prefeito do Rio de Janeiro, que deu finalmente entrevista dizendo (segundo a edição das emissoras de TV) que anda por aí de calça e camisa de manga comprida - no ar condicionado, decerto - para se proteger do mosquito, e que não encontrou indicadores de epidemia na cidade. A mesma que registra 13 casos da doença por hora.
Mas, também segundo as notícias, o descaso é igualmente (e a gente sabe que é mesmo) da população que não recebe os agentes de saúde, não está nem aí para a água parada, pois o líquido, inerte, reflete o rosto apático do cidadão que olha as tramas barraqueiras da novela das oito com os mesmos olhos de sono.
Já no Rio Grande do Sul (e em tantos outros rincões que não necessariamente registram casos de dengue), a notícia é da violência que o abandono e o novelismo da vida gera: na Zero Hora de hoje, reportagem especial sobre um professor morto em briga de alunos na cidade de Vacaria. Porque se torna cada vez mais fácil tomar porrada em casa e descontar no professor. Porque é fácil o professor não ter mais o que ensinar a seus alunos e conseguir aprender, com eles, que o niilismo tem sido a saída para a perdição dos dias.
O pecado capital desse país é a preguiça, só que o Macunaíma que vive em nós saiu melhor que a encomenda do Oswald.
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