É uma sensação mista de posse e pertencimento a Porto Alegre que permeia esta vivente que trabalha perto de uma janela num sexto andar de pé-direito alto, que tem uma vista sobre o Guaíba. Vejo as águas calmas tremulando e envolvendo o cais, que uma plaquinha (que consigo ler daqui) identifica: "G. N. União - Estação Fluvial". De tempo em tempo atraca ali uma barca pintada de azul e vermelho, para despejar gente (se trabalhadores, sócios do clube ou outra sorte de cidadãos, isso não consigo ver). Do lado, à entrada de um armazém, grassa mais gente sentada num banco comprido, à espera: não sei se da féria do dia, de um emprego, de um exame, não sei.
Eu tenho uma sala só para mim, que goza de movimento constante, onde os colegas vêm ler os jornais do dia, as revistas da semana e onde eu passo quase a manhã inteira debruçada sobre as notícias.
Na hora do almoço, eu me enfio no Mercado Público, para passear entre os cheiros das frutas, dos peixes, das ervas e ouvir a música do burburinho das pessoas. Páro em frente à banca dos vinhos para cobiçar o Catena Zapata argentino ou o Dom Melchor chileno, que não cabem no meu bolso pequeno demais para tanto fundo. Tomo suco de laranja na Banca 40. E, num fim de tarde qualquer, vou te convidar para tomar o famoso chopp do Naval, o Naval todo autenticamente retrô que eu amo.
Na hora da saída, eu volto ao mercado para comprar frios na Banca do Holandês e levar uma ou outra fruta exótica, da Banca 10, para casa.
Trabalho? É só um detalhe.
P.S.: Eu prometo escrever outro post falando de como é a vida lá embaixo, na rua.
3 comentários:
Estou aguardando o teu convite, para um chopp no Naval.
Beijos
Cinara,
teu convite é vitalício. Assim que estiveres livre, vamos lá. ;-)
(eu ia te escrever pra saber como estava a vida nova. não consegui, mas vim aqui e o post é lindo. um dia vou lá visitar tua sala e levar pra almoçar.)
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