Eu sei porque não chorei no dia 18 de dezembro de 2002, dia da morte do meu pai. Porque ele era, na verdade, um passarinho que morrera na minha mão, mais de dois anos antes. Um passarinho azul, de pescoço quebrado, que eu enterrei no campinho de futebol do condomínio onde eu morava.
Um passarinho que talvez comesse alpiste igual àquele que eu o ajudava a colher na ferrovia.
2 comentários:
Eu tenho uma relação estranha com a morte e nunca havia perdido ninguém realmente importante. Com o tempo, os que morreram pareciam nunca terem vivido, tornaram-se lembranças nebulosas, como num sonho.
No dia 27/8/07 eu me matei de chorar. Já havia chorado por 4 dias, durante a internação. Chorei mais 4. Secou. Passou rápido demais.
Mas recorrentemente eu tenho raiva e revolta por não ter mais pai.
Assunto pra muita terapia ainda...
Tá bem surreal. Mas vá dizer, o que que a gente descobre dessas coisas misteriosas que doem que não seja surreal?
David Lynch que o diga.
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