segunda-feira, agosto 13, 2007

O diabo mora ao lado

Vi, pela primeira vez inteiro, o clássico "O Bebê de Rosemary" na TV este fim de semana. Peguei-me na saborosa fantasia de pensar que na vizinhança sempre tem alguém que a gente imagina ter parte com o demo ou coisa que o valha. Quando eu era criança pequena lá em Santos, no apartamento térreo do meu bloco, morava uma família - da qual hoje só sobrou a mãe bem idosa e a filha que vive a base de lítio - que tinha hábitos interessantes, como tomar banho nu na estreita piscina azul de fibra de vidro que eles mantinham no quintal, deleite freak da criançada do prédio, que se aboletava na janela da área de serviço de um dos apês pra olhar as x*x*tas cabeludas das filhas já moças e os p*nt*s balançantes dos filhos, já moços. Só esse negócio de celebração nua já lembra convenção de bruxas, ainda que sejam todos de uma mesma família. Enfim.
Para mim, na tenra infância, também era estranho eles possuirem, em casa, um grande cofre alto, do tamanho de uma geladeira pequena. Tempos depois elas puseram o cofre na garagem, porque não o queriam mais, e eu fiquei, claro, tentada a levá-lo para casa e guardar algum segredo demoníaco também.
A gota d'água, porém, foi uma tarde entrecortada por queda de luz, raios e trovões na qual, para não ficar sozinha morrendo de medo, tive a idéia besta de ter medo acompanhada lá na casa das vizinhas. Cheguei lá embaixo, meio ressabiada, e quis logo ir embora diante daquelas caras de doida estilo Cássia Kiss, dizendo: "não, não precisa, eu fico em casa e espero minha mãe chegar". Nisso, a filha segura meu braço com força e diz: "precisa sim". Desnecessário dizer que saí correndo na mesma hora. Aquelas fotos do João Paulo II na parede nunca me enganaram, não.

3 comentários:

Anônimo disse...

tenho duas palavras para essa crônica: cashmere bouquet.

:*

Liv Araújo disse...

Ai, coisa mais linda! :-D
I'll be honoured.

Carrie, a Estranha disse...

Lindo, o seu blog! Adorei a história das formigas. Coincidentemente, escrevi algo sobre formigas hoje (não tão belo qto seus escritos). É q na verdade eu sou uma formiga. Mas eu engano todo mundo.

um beijo e um abraço