sexta-feira, abril 06, 2007

Submergindo/Emergindo

O sono da razão produz monstros - Francisco de GoyaAlgumas vezes na tarde de hoje, meu sono foi marcado pelas já tradicionais paralisias. Coisa de eu dormir em uma única posição e acordar, em sonho, várias vezes antes de acordar de fato e, antes que isso aconteça, me dar conta de que simplesmente estou consciente e meu corpo, imóvel. Dizem que a quem a narcolepsia acontece, a coisa se sucede assim.
Já que, numa situação como esta, eu sempre me levanto ou tento me movimentar achando que estou conseguindo, mas de fato, não estou, admira-me o fato de eu nunca me dar ao luxo de levantar, em um sonho supostamente consciente, e ir fazer o que quiser fazer da vida. Levantar da cama e ir dançar tango ao som de Piazzolla; levantar e voar (por que não? eu tenho certeza de que poderia, se realmente quisesse); levantar e ir dar uma banda na Cidade do Cabo.
E por que não quero? Não sei. Não sei se minha consciência é tão escrava do passado e das convenções que - tendo o privilégio do sonho consciente - não consegue se dar a oportunidade de fazer o que quiser.

Antes, à noite, sonhei que entrava em um live-action só de mulheres (havia um similar, só de homens). O jogo era um emaranhado de pistas e segredos, e caberia ao vencedor desvendá-los todos e vencer todas as tarefas. Entrei lá e, ao entrar, descobri que perdera minha 'bagagem de mão' e minhas malas. E, diante das reclamações sonolentas das outras participantes - eu havia entrado à noite e todas já dormiam - passei a procurar meus pertences no escuro. Na soleira da porta de um dos quartos havia um bebê nu, deitado no chão. Tomei o bebê nos braços e o levei até sua mãe, que não esboçou nenhuma reação. Perguntei: "ela já foi vacinada"? Com a negativa, peguei um frasco de vacina contra a poliomelite e pinguei cinco gotinhas na boca minúscula do bebê. E acordei.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nunca tive sensação assim. O que me atormenta atualmente é a alma gêmea que partiu (tanto por medo, quanto por um velho sonho, deixando ao descaso o nosso amor, o meu), e que agora insiste em me visitar quando fecho os olhos. Mas, o pior nisto tudo é que sonhos, coisas das quais não costumava lembrar, agora todos os com ela ficam frescos na mente à luz do dia.
Ah, você ainda canta?
Astro!.
Aqui, pra te fazer brilhar!.
P.S.:(estive sempre aqui, mas a preguiça de comentar, ou maior, de escrever anda absurdamente grande, faz tempo!...Agora, estou de férias, e quem sabe a enterre de vez!) Beijos e Queijos. E Viva a poesia!
astrogildogodofredo@hotmail.com

Sara Graciano disse...

Nossa Livia, que sonho mais tenso. Coisas assim desesperadoras. As vezes a melhor coisa que acontece num sonho é acordar.
Estás melhor da paralisia temporária?

Obrigada pelo carinho lá no blog pelo meu aniversário.

Besos.

Liv Araújo disse...

Sara,
na verdade o sonho foi bem interessante e eu não me sentia propriamente angustiada. Só impelida a resolver aquele problema.
Mas, bonito mesmo foi o post que a Camille fez a teu respeito. :-)

Astro,
Há quanto tempo! Toda relação que é finda parece que tem esse tempo em que as coisas flutuam na sopa do inconsciente... depois passa, né?
Vive la poésie! ;-)

Unknown disse...

Livia, foi lindo mesmo. Adoro aquela mocinha.

Hum, bom saber que não foi angustiante então o sonho.

Bjs

Anônimo disse...

ah! os tais sonhos "waking life"... também não sei se desejo tê-los.
beijos...