terça-feira, abril 03, 2007

Levando uma vida imbecir


Difícil mesmo é criar as cabras.
(Imagem de Paulo Carvalho)

O mesmo tema que foi matéria no Fantástico há algumas semanas também me chamou a atenção na edição de março da revista Vida Simples: gente adotando um modo de viver com menos posses e menos consumo (e muitas vezes sem riponguices, vejam bem).

A idéia me agrada por questões pessoais. Já tive fases de relativa penúria, apertando o cinto de maneiras impensáveis para padrões de vida anteriores, sem, no entanto, que eu achasse que era menos feliz por isso. Não gosto de consumismo, ainda que naturalmente me encantem desde calças jeans rasgadas a preços caríssimos, iPods ou singelas xicrinhas de louça.

Porém, tudo isso tem seu 'mas'. Ambas as matérias tratavam de gente que, acostumada a uma vida de consumo impensado e institucionalizado, experimentou as diliça da vida simpris e gostou: executivos que passaram a usar roupas mais leves e mudaram para profissões alternativas, pessoas que enxugaram do guarda roupa à despensa e estão transmitindo os ótimos valores à filharada. Nada mais saudável. Mas e quem não tem o que abandonar porque nunca teve nada? Quem não tem água tratada e educação de qualidade sabe conceber o que é abraçar uma vida simples? A vida dessa gente é muito, muito complicada. Vida simples é beber uma água que contém H²0 e sais minerais e não uma quantidade enorme de bactérias insuspeitadas. Vida simples (essa à qual nem os neo-franciscanos têm acesso) é não precisar conviver com tiros, tapas, pedradas e roubo à sua porta ou dentro de sua casa - quando há casa.

Portanto, sim, eu acho fofa uma vida simples. Efetivamente.

9 comentários:

Carlota e a Turmalina disse...

O ideal da vida natural é fantástico. Na teoria!
Tento levar uma vida mais natural possível, mas dentro do que considero coerente.
Tenho um conhecido que largou tudo e foi morar no meio do mato com a mulher. Eles são contra tudo o que a indústria produz e para se ter uma idéia, não usam energia elétrica e nem água encanada.Açucar é mel que eles mesmo produzem.O pior é que já estão no sétimo filho, e honestamente, apesar de lindinhos e ultra bem educados, eles não parecem muito saudáveis.São crianças muito magras, meio pálidas, barrigudinhas e sem brilho.Eu espero de coração que de certo!!!

Anônimo disse...

é a ordem do dia!
tentaremos... :)
na verdade, estou a tentar - e conseguir.

* preciso tomar uma xícara de chá para contar as novidades!

Anônimo disse...

e sim... essa reportagem do fantástico e tantas outras já têm efeito sobre minha vida... e, na verdade, as reportagens só nomearam uma prática que já tinha cá comigo... :)

Wanderley Garcia disse...

Lívia,

a vida é simples.

nóis é que complica.

bjs

Wanderley

Sara Graciano disse...

É, principalmente se for bem longe dos grandes centros. Me agarro cada dia mais à bela e confortante expressao 'fugere urbem'.

Bjs querida, ah e parabéns pela reportagem na revista =).
Boa Páscoa.

Anônimo disse...

Menina, eu não vi a reportagem do Fantástico, mas já tenho cá comigo essa idéia (mesmo que também me encantem xicrinhas de louça & afins). Se pudesse viver numa cidade sem tiros e roubos, aí nem seria mais vida simples, seria vida ideal. Aproveitei pra te ler e só agora fiquei sabendo: és celebridade! Revista Cláudia é coisa fina! Parabéns. Beijocas.

Liv Araújo disse...

Turmalina,
pois é... pra mim, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Nada contra quem cria os filhos no mato e lhes põe nomes exóticos, nem a quantidade deles, se é possível lhes dar educação. Mas, se não é possível, bem, vida simples pode excluir dirigir um Pathfinder, mas de jeito nenhum excluir alheamento ao mundo. Sei lá. Essa vida simples é realmente muito complicada. ;-)

Liv Araújo disse...

Ana, Wanderley, Sara, Camille:

sejamos consumistas ou franciscanos, acho que em todo mundo paira a sensação de que as coisas, do jeito que estão, causam algum tipo de desconforto existencial na gente. Né não? Sei lá também. Hoje tou a própria ausência mental, hohoho.

Alan disse...

Lívia, antes de mais nada, parabéns pela Revista Cláudia. Acabei de voltar de férias e ainda não li o artigo todo, depois te falo mais...quanto à vida simples, eu sempre me encontro nesse dilema de trabalho, ambição, bens materiais, etc e por vezes acho que uma vida menos complicada e com menos consumo pode ser mais feliz.
Mas como você muito bem disse, até isso hoje em dia, e principalmente aí no Brasil, não é uma questão de escolha.