terça-feira, julho 18, 2006

Awaken Dreamlog

Começou no sábado: depois de um quilo de rondelle de presunto ao funghi, eu fui assistir a "Quem Somos Nós?". Com uma série de teorias e questionamentos que começaram desde a não-solidez da matéria (questão que me aflige desde o "Ponto de Mutação", com a Liv Ullmann), o filme se baseia na física quântica para dizer que a realidade que nos cerca é aquela que conseguimos ver. Quase no fim do filme, Joe Dispenza, um dos teóricos entrevistados, diz:

"Se estou conscientemente construindo meu destino; se estou conscientemente, do ponto de vista espiritual, aceitando a idéia de que meus pensamentos podem afetar minha realidade, e afetar minha vida... pois realidade é igual a vida, então eu faço um pequeno pacto quando eu crio o meu dia. Eu digo: 'estou tirando esse tempo para criar meu dia, e assim eu estou afetando o campo quântico. Se de fato os observadores [não entendi, no filme, se isso é deus ou os arquitetos da matrix ou o quê] estão me vigiando o tempo todo enquanto faço isso... e há um aspecto espiritual em mim, então me mostrem hoje um sinal, de que prestaram atenção nas coisas que eu criei, e façam com que aconteça de uma forma que eu não esperava, para que eu fique surpreso com a minha habilidade de ser capaz de sentir essas coisas, e de uma forma que eu não tenha dúvidas que venha de vocês'."

Pois hoje de tarde, a trabalho, eu fui parar em uma clínica de cirurgia plástica no 12º andar de um endereço chiquérrimo. Na sala de espera, duas peruas cuja loirice era naturalmente falsa usavam rabos de cavalo bem altos na cabeça; um pouco de tédio e minha chefe chegou. Um pouco de bate-papo e, finalmente, antes que eu fosse apresentada ao cirurgião com quem tínhamos uma reunião, o homem de jaleco branco arregalou os olhos e disse: "Lívia! Lívia!", me tomou pela mão e dançou comigo cantando "El dia que me quieras".
No consultório, o telefone tocou e ele interrompeu a reunião para ir atender: "ela vai me avisar do pôr-do-sol". Em seguida, desligou o telefone: "Ela disse que está bem bonito", e nos levou a uma sala no outro lado do conjunto, de onde, pela primeira vez em um ano e meio, eu pude ver o mais impressionante pôr do sol da minha vida, aquele mesmo do Guaíba, com um sol indescritivelmente incandescente descendo contra um céu que era uma mistura óptica de cinza, azul, laranja e emoção. Me deu a impressão de que, em todos os dias de céu limpo, ele fazia isso. Quando eu pus o meu queixo no lugar - de um jeito que a cirurgia plástica não faria -, ele me perguntou: "Gostou?" "Sim", eu respondi. "Mandei pendurar especialmente para você".

E aí de repente eu desejei passar férias na Itália e ir comer uma massa molhada com um fio de azeite.

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