domingo, fevereiro 26, 2006

Domingo

Tal como um ciclo que não pára de se repetir ao longo de anos e anos, o que sinto é como se tivesse levado uma rasteira de mim mesma e estivesse no chão... mas diferentemente da outra edição do mesmo filme, esse chão não é feito de cimento e sim de terra fofa e mato fresco e não é escorregadio como o ladrilho cheio de espuma de sabão por cima.
Eu me sinto lá no chão meio sem saber o que fazer e o sol brilha alternando com nuvens de chuva que passam e eu fico à espera de um arco-íris, mas ele não vem. Então eu me levanto, só posso me levantar e sacudir a roupa dos salpicos de terra, quase com vontade de me deixar ficar e ser um pouco do chão que eu só acho que me acolhe, por causa do cheiro bom e do frescor do verde e do molhado da chuva que passou. Mas é mentira, e eu tenho de me levantar, mas fico pensando que não consigo e, de repente, o chão que era de terra vira cimento, vira ladrilho, vira sabão e tudo volta como era antes, a mesma edição, a mesma fotografia, o mesmo repetitivo roteiro.

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