domingo, novembro 20, 2005

The blue of sunday evening

"Que mania, Sigmundo,
de ser culpado de tudo!
Uma coisa é a tua cabeça,
uma outra coisa é o mundo."

Em Sigmund Freud, de Celso Gutfreind, coleção Filosofinhos, Tomo Editorial.


O sol se põe e o sono que não existiu na noite branca aparece no sofá e me derruba. Segunda-feira é amanhã. O trabalho, a semana, o preparo para quê?
A louça se acumulou na pia, as roupas estão espalhadas pelo quarto, revistas e livros estão em todos os lugares, menos na estante. Lá do outro lado do oceano, está o meu amigo com o cabelo recém-cortado, acenando para a câmera. Saudades. Curitiba está mais longe do que São Paulo, quando eu morava em Curitiba. Aqui tem céu azul e lindo pôr do sol, que ilumina os rostos dos amigos que eu aprendo a amar.
E, no entanto, sempre tem um ranço se acumulando como cal diluído em água, no fundo da história: é culpa super resistente, é aquilo que mata, separa e destrói, derrubando da torre tijolo por tijolo e se erguendo imponente em seu lugar, até cobrir a beleza do crepúsculo de qualquer cidade. Casa boa nem sempre é aquela que é sólida. Casa boa é a que tem frestas para o sol entrar.

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