segunda-feira, outubro 31, 2005

Meu número



É quatro, segundo a soma da data do nascimento. Mas também são os dez dedos das duas mãos que correm sobre meus milhares de póros e eriçam da penugem da pele seus milhares de folículos. Meu número são dois lábios carnudos que emolduram 32 dentes alinhados, meu número são as 24 horas do dia e a progressão aritmética em que crescem os anos da poesia, a soma de cada ano da minha vida resultando no tempo que quero bem. Mais duas orelhas que uma língua acaricia e dois ouvidos que uns poucos decibéis despertam num sussurro. Meu número é um coração que bombeia 5l de sangue e milhões de hemácias, leucócitos e plaquetas; bilhões de neurônios que, facilitados pela ação da bainha de mielina, desenrolam as sinapses de milhares de pensamentos que formam uma massa densa de emoções incalculáveis. É 44 na cintura. No busto também. 36 nos pés e um vírgula sessenta e cinco do chão até o topo rarefeito da minha cabeça, para a qual escalam esses dedos alpinistas que, no caminho, não deixaram de visitar nenhum pico e nem de descansar em cavernas tranqüilas, muitas vezes abrigando as nascentes de riachos refrescantes.

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