sexta-feira, outubro 07, 2005

It simply fades



8777 dias contados até às 16h00 de um dia qualquer. Tarde de sol, um Cristo de pedra no alto do Corcovado, o capitão desejado de um barco desgovernado, descrito anos antes em impulso de amor cego e de leitura intuída apenas inconscientemente. Era um barco desgovernado, Omigod, e ninguém se deu conta. Certos estampidos, especialmente na zona sul, não eram realmente muito comuns. Estouro de rojões, tiros de escopeta e metralhadora, uma automática ou uma 38 qualquer, tudo aos borbotões por ali. Que errância peregrina mas não muito paciente. Que linha aparentemente reta e que na verdade era uma folha de eletrocardiograma que saltava de momento a momento, e se mascarava na maciez do pão de aveia recém tirado do forno, da margarina que derretia sobre a massa quente, recém assada e fofa; se mascarava no sono pesado da bebedeira e nas casquinhas de sangue ressecado dos arranhões da vida; sobretudo de mascarava na pele tão branca e no olhar de estudos aplicados, de acordar de manhã e dormir à noite e fazer fichamento de livros e colar na parede só os retratos que lhe ofereciam segurança. De manter adormecida a porção desconhecida, que um dia finalmente acordou. E adormeceu de novo, para sempre.

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