sexta-feira, março 25, 2005



Por Elise

Descubro, em uma tarde de sol que rompeu o branco, em plena sexta-feira da Paixão, que a culpa é o pior castigo. Que não bato mesmo muito bem da cabeça. Que não admito erros (os meus). Que coro de vergonha quando eles são cometidos, especialmente se o seu principal maleficiário é alguém que só me faz bem ou que me ajuda. Que mês depois de ter sido demitida e de fechar minha mente para certas coisas depois disso, estava na realidade por um fio. O fio que rompe com culpa, com medo, com cansaço, com perspectivas assustadoras e com a internet que não instala, a passagem de avião que me espera, as coisas que ainda não encaixotei, as roupas que ainda não lavei e todos os soluços que ficaram por ser dados naquela tarde de sol em que não me permiti chorar por mais que uma hora, correndo mandar currículos, fazer telefonemas, contatar conhecidos e esquecer minha humanidade para me robotizar um pouco.
Descubro no exato momento que minha cabeça dói e que continuo com medo. Descubro que iluminação no cenário de Coda é a mistura da luz do fim do túnel com a luz no fim do corredor, aquela que mais nos amedronta e que ao mesmo tempo é promissora de que talvez ao abrir a porta do quarto, possamos nos jogar na cama quente dos nossos pais.
Música de caminhão de gás e cachorro sacrificado. Eu nunca na minha vida tinha visto, em sua literalidade, um cachorro tão humano e abacates que caem do céu como os sapos de Magnólia. Cuidado com o que você planta. Sou forte como um cavalo com fogo nas patas, que corre em direção ao mar. Clap clap clap. Sou forte como um cavalo com fogo nas patas, que corre em direção ao mar. Clap clap clap.

Vou pra Porto Alegre. Tchau.

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