segunda-feira, novembro 22, 2004

Em 1997, fiz uma simpatia ridícula: na véspera do réveillon, fiz uma mala, e logo depois da meia noite, dei uma volta pela casa, de mala feita. Esperava, assim, poder fazer a viagem que eu queria, que se concretizou em 1998, quando fui para a Europa. E não é que minha mãe tinha razão, hoje? Ela me disse que desde então, eu não parei mais de viajar. E de fato. Hoje, mais seis horas de ônibus e estou de volta a Curitiba, ouvindo "Someone to watch over me", com a Blossom Dearie, vício supremo que desbancou meus chill-out, Émilie Simon e congêneres. Avião, claro, coisa rara.
Roubei fotos lá de Santos. Eu, aos seis anos, provando que usei conguinhas, sim, com bichinhos estampados na lona e cadarço azul. Aos 20, numa foto estranha em que pareço ter 1,80. Meu pai em pose de ataque, lutador de boxe nos anos 50, quando morou em São Bernardo e, diz ele, prendeu vaga-lumes no bulbo de uma lâmpada e iluminou a varanda de seu casebre. Desenhos também, que fiz de uma G. ainda viva, ainda inspirando esperanças nos outros e em si mesma, linda não só no traço do meu desenho (sobretudo muito mais que no traço do meu desenho)... e um desenho da turma inesquecível, uma versão mais melancólica de Friends.

I need a map dreamlog: Tenho certa simpatia por sonhos que têm como ponto de partida criativa o próprio sono, que envolvem camas e pijamas no cenário. E sonhei que, por volta de umas três da manhã, eu saía de um prédio em que morava aqui em Curitiba, não o atual nem o próximo, um qualquer. Eu saía de casa em pijamas e meias e procurava alguém em um outro prédio. Subi pelo elevador até à porta de seu apartamento, que dava para a cozinha, e estava aberta. De fora, eu via a empregada, que me olhava desconfiada e me fazia perder a coragem de entrar. Nesse ínterim, amanheceu e eu me vi, já apropriadamente vestida, de volta à rua com um grupo de pessoas que eu não conhecia e de quem agora não lembro, mas que me pareciam jovens e interessantes. O que eu novamente procurava, estando ao ar livre, era a rua Itupava, cujo ponto procurado eu não sabia se ficava no Alto da XV, Alto da Glória ou Hugo Lange. Tínhamos pego uma rua larga com vários casarões (e eu na verdade não sabia se era noite ou dia), que eram sedes de embaixadas ou escolas para filhos de estrangeiros. Eu podia ver grandes e imponentes letreiros escritos em italiano ou com alfabeto cirílico. Apesar de aqueles arredores se parecerem com os do Hospital de Clínicas, eram diferentes, mais quiméricos. Tinha achado que me perdera, que tinha ido longe demais na minha procura e de repente vi que o bairro não era nenhum daqueles nos quais pensava poder estar: a placa da rua dizia que eu estava no Alto da Conceição, que não existe, mas que no sonho despertava a minha curiosidade, fazendo-me pensar que quando voltasse à casa, procuraria saber mais sobre esse bairro desconhecido...

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