sexta-feira, agosto 22, 2003

Inspirada por um outro Zbigniew, comecei a ouvir a trilha sonora de "A Dupla Vida de Véronique", do Kieslowski, composta pelo Zbigniew Preisner, que pelo que percebi, é habitué de quase todos os filmes do polonês, e aqui se traveste no esquecido compositor holandês, Van den Budenmayer. Aliás, ele faz o mesmo em "A Fraternidade é Vermelha"... parece que o finado Kieslowski gostava de temas recorrentes, como o da velha corcunda que caminha com dificuldade, que eu notei desde "A Dupla Vida..." e em toda a trilogia das cores. Aí ele morreu, o Kieslowski (e pra homenageá-lo, não vou esquecer que a mlle. Gautier e eu emitimos nossos guinchos de soprano na madrugada das ruas do Mans, há pouco menos de cinco anos). Eu ainda não vi sua trilogia póstuma, cujo primeiro filme, "Paraíso", já saiu, com minha etérea elfa Cate Blanchett.
Eu nem sei porque disse tudo isso, mas deve ser porque me deu saudade da minha aborrescência intelectual, o que me faz concluir que quanto mais velha eu fico, mais ganho ares de menina, já que aos 15 anos eu era uma velha ainda mais melancólica que hoje. Aliás, meu hábito de escrever em diários fez 10 anos. Mas "Je m'appelle Cam' " está morto, morreu num ataque de depressão em 2000, e não tenho mais diários secretos de papel.
Hoje estou dispersa, admito. Deve ser a inflamação da garganta, a saudade de S., o cansaço no corpo, o ócio, ou qualquer outra coisa que me torna hoje desordenadamente confessional.
Os posts dela é que andam confessionais. Sensuais, sensoriais e viscerais. E esse negócio dos morangos estarem baratos é fatal, até lá...rs.

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