quinta-feira, maio 22, 2003

Incrível. Sonhos e mais sonhos. Sonhos que são um reflexo da dor dos dias. Mais viagens. Sonhei que estava correndo e correndo num dia de muita chuva, tudo para pegar um vôo para São Luís. Sonhei também com um vaguear por ruas semi-desertas numa manhã de sol, de uma cidade de poucos prédios, em que na verdade havia um conjunto habitacional construído em madeira, como aquelas casas americanas, em que havia sempre uma estrela no alto de cada fachada. Aquelas ruas, por não conhecê-las, serviam-me como um labirinto, e vez por outra, encontrava pessoas que me cativavam. Acordei algumas vezes no meio da noite, sem me dar conta da hora, e numa dessas horas indeterminadas, olhei para o céu, e mesmo olhando um céu escuro, algo na minha cabeça me fez achar que era um dia claro. Depois olhei melhor e vi que era madrugada ainda. A madrugada sempre me inspira. O fato de acordar no meio da noite, depois de um sonho completamente maluco, me faz ter a impressão de que acabei de penetrar no âmago do mistério da noite. Eu sempre achei que as madrugadas tinham uma vibração diferente, um peso no ar que só lhe conferia leveza, a leveza dos animais à espreita. E lembrei da carta que Lucy Harmon (Liv Tyler) recebeu em "Beleza Roubada": "tenho um coração à espreita".
E hoje eu recebi um mail dela, e fiquei feliz... :-)

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Como estou devotando meu dia a fazer meu trabalho, e estou ora no computador, ora nos sulfites que estou usando como boneco, ora no meu caderno bonito da Aliança Navegação, então dou um tempo para divagar, usando meus dedos e este teclado como instrumento dos meus delírios. Estou ouvindo Sting na Rádio Eldorado, depois de passar uma hora ouvindo MPB no Vozes do Brasil. Aliás, eu podia ficar uma tarde inteira ouvindo a Patrícia Palumbo falar e falar, porque a voz dela é mesmo uma delícia.

A gente chora mesmo quando tudo está bem. Será que os homens entendem isso? Será que eles também choram quando tudo está bem? Não porque tudo está bem, mas mesmo com tudo estando bem, alguma coisa muito sutil simplesmente não vai e configura-se como um nó indesatável dentro da gente. Poucas vezes uma barba cerrada representou pra mim uma fonte de alento, poucas vezes um peito plano me serviu de travesseiro. Mas isso só se refere aos homens, poucos, que provaram dos meus beijos e das minhas entranhas. Parece que o fato de terem estado dentro de mim literalmente funcionou como um fator de intimidação espiritual. Ou um, ou outro. Ou a carne ou o espírito. E talvez por isso meus amigos homens tenham o monopólio da minha alma, entendam meus desejos e às vezes até partilhem das minhas alegrias. Eu me lembro tanto das noites que passava conversando com Marcelo, que uma vez me disse numa noite em que ele tomou 1/3 do meu Grant's, a cowboy: "um pedaço sempre fica". Ou daquele que já foi meu único e mais querido irmão, com quem eu trocava as melhores e mais engraçadas tiradas. Apesar de que tudo passa, esses homens conheceram bem mais de mim do que aqueles que pensam ter ousado quando só possuíram meu corpo.

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Vanessa da Mata rocks!

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