Hiroshima's Rose Dreamlog
Era dia de sol lá fora, numa casa de praia onde fazia um calor gostoso. Minha mãe tinha Alzheimer e mexia em um lap-top em uma mesa baixa da varanda. E, no momento em que eu ia à janela para olhar o dia, via se formar no horizonte o cogumelo incandescente que caracterizava o detonar de uma bomba atômica de muitos megatons.
Entre os presentes – minha mãe, meu amigo de infância e seu primo meio bonachão, e eu – só eu mesma parecia alarmada. Às voltas da casa, no lugarejo, já via muitas pessoas se dirigindo ao posto de saúde, pessoas se adaptando forçosamente à nova vida de precariedade total – afinal, a bomba tudo destruíra. Lembro de vez uma moça com aspecto castigado que pedia um emprego na minha casa, como faxineira. Não lembro, agora, se lhe dei o emprego, mas a despeito de seu olhar vazio como se não soubesse nada de si nem dos outros, simpatizei com a moça e estava disposta a lhe dar uma chance.
Na verdade, naquela hora eu estava mesmo é muito preocupada com nossas provisões de água e alimentos. E dei instruções para o amigo e o primo do amigo recolherem todos os nossos recipientes e irem buscar a água que conseguissem.
Refletindo agora, por que a água não estaria contaminada?
2 comentários:
Lívia Maria, tive um sonho liviesco e me lembrei de ti. Embarcava para Berlim com babai. Mas como sonho contemporaneamente, quiçá pós-modernamente, o vôo tinha 12 horas de atraso. Pfffffff. Adorei a Binoche aqui. Beijo,
Tati
Também adorei a Binoche. Muito.
Talvez, quando a sede é muita, a contaminação seja irrelevante.
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